A minha vida já se resume aquele jardim,
Diariamente observo-o através da janela da sala de jantar,
Por vezes aparece uma menina pensativa
a ler ou a escrever,
de outras aparecem miúdos a riscar os muros,
casais a namorar e,
já mais à noite,
grupos de jovens que se riem
como se tivessem esgotado todos os licores dos bares.
Passei por todas essas fases naquele mesmo jardim e,
Por isso, o observo tanto.
(Só não riscava os muros...)
Relembro cada minuto lá passado,
Está tão diferente...
Foi lá que conheci o teu pai,
Não aquele que julgas ser teu pai,
Não aquele a quem pertence a imagem que agora vistes,
Mas aquele que nunca soubeste que existia...
Aquele que amei!
É por isso que te escrevo,
Para te contar,
Agora, tarde e cobardemente,
Toda a verdade,
Passado vinte e dois anos de existires
E pouco tempo antes do meu partir.
Maria Augusta
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